sábado, 6 de setembro de 2008

Horizonte

O Amor morrera.
Do alto do penhasco, Eduardo mantinha-se absorto nos seus pensamentos, indiferente à beleza paradisíaca do local onde se encontrava. As papoilas, e outras fantásticas flores, rodeadas de inúmeros rebentos de uma relva muito verde, contrastavam com o azul do mar, tornando ainda mais colorido o cenário.
Mas para Eduardo, isso não importava...O lento movimento das suas pálpebras era o único indicador que mostrava claramente que estava vivo, tal era a imobilidade que este exigira ao seu corpo... Para ele apenas existia o céu, nublado, e o mar revolto, em baixo, que ia provocando uma erosão milimétrica nas rochas.
Os pensamentos, em turbilhão, rodavam à volta do facto de Sara, o seu amor de sempre, o ter deixado, sozinho... Tinha ido trabalhar para Valongo, teria dito ela... Já não sentia por ele o que sentira no início e seria o momento de começar de novo... Noutro sitio... Longe dele...
Seria ele também capaz de um novo início? Ou teria o mesmo destino das suas lágrimas, que caiam dos seus olhos para se tornarem unas com o mar salgado?

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