segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Dicionário alternativo: 3ª entrada

Carapau (substantivo; palavra composta por aglutinação: cara + pau): indivíduo com propensão para expressar as maiores barbaridades, sem embaraço, apresentando imutabilidade da face; entidade que se apresenta como interlocutor preferencial de alguns falantes, para partilharem opiniões de carácter diversificado, desconhecendo-se a razão desta ocorrência.
Exemplos:
"Eh, carapau, olha bem o calibre daquela gaja!!"
(Repara, carapau, que rapariga tão gira que se aproxima de nós!"

"Desculpa a gargalhada, carapau..."
(O quê?! Dizes tu que com isso te orientas?!... Deves estar a gozar comigo!!)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Dicionário alternativo: 2ª entrada

Afectivo (adjectivo): algo que dura; qualidade que se manifesta no sujeito quando, claramente, a sua inteligência pereceu. Usado no vernáculo popular associado a acções de diverso tipo.

Exemplos práticos:

Aquele filho da mãe já está afectivo na empresa!!
(ou seja, alguém entrou para os quadros de uma empresa)

Ó filho, hoje estás muito afectivo!
(ou seja, acaba lá com isso, que quero ir dormir!)

A porcaria do filme é afectivo como o caraças!
(ou seja, a porcaria do filme nunca mais acaba!)

(Corpus recolhido em contexto real, dos discurso de diferentes falantes de algo que se parece muito com a língua portuguesa)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

recortes de uma conversa sobre emos

X: http://www.youtube.com/watch?v=yN33-XsG0xc
Y: aiiii emossss

X: são tão giiiiirrrrrooooosssssssss
Y: são tãoooooooooooooo GAYSSSSSSSSSSS

X: mas são giros!!!!!!!!!!!!!!
Y: os emos sao goticos tristes, em versão Dolby Sorround Technicolor, nenhuma pitada de mistério ou esoterismo literário e mt mt mt ar de gay!!!!!!!!!

X: mas têm uns cortes de cabelo giros e maquilhagem! eu tenho queda assim pra gajos meio amaricados
Y: repara bem na contradição: "Emo (abreviação do inglês emotional) é um gênero de música derivado do Hardcore. O termo foi originalmente dado às bandas do cenário punk de Washington, DC que compunham num lirismo mais emotivo que o habitual." tirei isto da wikipedia! Acho q os Sex Pistols se estao a remoer do tumulo!!! ahahahaha

X: ohhh não sejas mauzinhoooooo tadinhossss
Y: ahahaha! "faz-me um emo!" da próxima vez q me apetecer sexo oral vou pedir assim!

X: tu tens mesmo problemas com emos!!!!!
Y: n tenho nada directamente contra nenhum emo. só acho a onda mt frouxa. meninos cheios de problemas existenciais pk nunca tiveram nenhum problema sério

Y: mas são giros!
X: aaahahahha "Em várias cidades do México está acontecendo algo que foi descrito como Caça aos Emos. No dia 7 de março, 800 jovens em uma cidade qualquer saíram com o intuíto de bater nos Emos. A mania logo se espalhou por diversas cidades mexicanas."
caça ao EMO, lindooooooooooo... o emos sao assim uma especie de dódó! n tem grande futuro, entre a tristeza, suicidido e purgas publicas! n vai sobrar nenhum!!! é melhor aproveitares já! :D

X: jasuzeeeee homemmmmm...
Y: ai é melhor estar calado com isto dos emos. ainda me calha alguma ema na cama e depois tenho de engolir as tuas bocas!

X: HAHAHAHAHAHAHAHA
Y: uma ema toma toma um hematoma! :D

X: ja não consigo parar de rir
Y: queria continuar e escrever qq coisa com 2 emas, mas n me sai nada. duas emas tomam... benuron com miluvite? LOL n soa bem!

X: HAHAHAHAHAHAHAHA lindamente!
Y: benuron com miluvite... eu realmente lembro-me de cada coisa parva....

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

dicionário alternativo - 1ª entrada

DESTACAR (verbo) . Acção irreflectida de tirar uma estaca espetada no coração de um vampiro; sinónimo de: incapacidade persistente para prever consequências negativas de acções realizadas (num futuro bastante próximo) ou prepotência/teimosia acentuada para arriscar a vida de formas particularmente idiotas.

Usado, por vezes, em calão das formas mais abusivas:

Olha-me para este a destacar!!!
(sin.: Mau Mária! Tás a fazer porcaria da grossa!)

Ele hoje está particularmente destacado!
(sin.: Olha-me só para aquele tamanho! O homem deve estar com o cio!!!)

E se me destacasses essa coisinha?
(sin.: Tira lá isso de dentro de mim que se eu quisesse um dedo já lá o tinha enfiado!)

domingo, 14 de setembro de 2008

A espera


Há horas que espero um sinal teu... Sentado neste banco de madeira... É dia, ao mesmo tempo noite, mas nem uma única imagem tua. São horas? Não... Talvez dias... Meses... Anos... e não te encontro... Nunca te encontro... Tens olhos claros? Cabelo escuro? És magra? Bonita? Não sei... Já não sei quem és... Apenas sei que aguardo... Sozinho... Confuso... Neste banco de madeira... Vazio... Sem alma...

Os ponteiros do relógio não cessam o seu movimento e tu não vens... Nunca vens... Olho, mas não vejo... As lágrimas, cada vez mais frias e abundantes turvam-me a visão...

Agora, anos depois, já não sei quem espero... Talvez alguém que consiga limpar os meus olhos cansados, de lágrimas repetidamente derramadas... Lágrimas que mataram o tempo... O tempo que me matou a mim.

sábado, 13 de setembro de 2008

ohhhh, all your cities lies on dust! my friend

Siouxsie & The Banshees - Cities In Dust





Water was running; children were running
You were running out of time
Under the mountain, a golden fountain
Were you praying at the Lares shrine?
But ohh oh your city lies in dust, my friend
ohh oh your city lies in dust, my friend

We found you hiding, we found you lying
Choking on the dirt and sand
Your former glories and all the stories
Dragged and washed with eager hands

But ohh oh your city lies in dust, my friend
ohh oh your city lies in dust, my friend
your city lies in dust

Water was running; children were running
We found you hiding, we found you lying
Water was running; children were running
We found you hiding, we found you lying
your city lies in dust
ohh oh your city lies in dust, my friend

Hot and burning in your nostrils
Pouring down your gaping mouth
Your molten bodies blanket of cinders
Caught in the throes .......

Ohh oh your city lies in dust, my friend
Ohh oh your city lies in dust, my friend
Ohh oh your city lies in dust, my friend
Ohh oh your city lies in dust, my friend

Your city lies in dust


"Cities in Dust" is a song written and produced by English rock band Siouxsie & the Banshees. It was released as the first single from Siouxsie & the Banshees' seventh studio album Tinderbox. The "Cities in Dust" 12 inch single was the first Banshees' single-release in the United States, through Geffen Records.
The song obliquely describes the city of Pompeii, destroyed in a volcanic eruption in 79 CE. Imagery describing the volcano and its magma chamber, the condition of the victims of the eruption, and the subsequent discovery and excavation of the city comprises the bulk of the lyrics.

"Cities in Dust" was a more Post-punk affair than singles released by Siouxsie & the Banshees in the previous several years. It also had more of a pop music melody than past releases from the band, although its cryptic lyrics were still gothic in nature (even mentioning a shrine to Lares Familiares). Its upbeat 4/4 rhythm also made it a hit in danceclubs. "Cities in Dust" peaked at number twenty-one in the UK singles chart. Although not Siouxsie & the Banshees' first song to hit the U.S. Hot Dance Club Play chart, it was their first significant hit, climbing to number seventeen.
Perante o ruído de tudo o que nos rodeia, criar apenas um recanto de silêncio onde possa estar. Simplesmente estar.

http://www.youtube.com/watch?v=PmRJo8RQ5sA

sábado, 6 de setembro de 2008

Horizonte

O Amor morrera.
Do alto do penhasco, Eduardo mantinha-se absorto nos seus pensamentos, indiferente à beleza paradisíaca do local onde se encontrava. As papoilas, e outras fantásticas flores, rodeadas de inúmeros rebentos de uma relva muito verde, contrastavam com o azul do mar, tornando ainda mais colorido o cenário.
Mas para Eduardo, isso não importava...O lento movimento das suas pálpebras era o único indicador que mostrava claramente que estava vivo, tal era a imobilidade que este exigira ao seu corpo... Para ele apenas existia o céu, nublado, e o mar revolto, em baixo, que ia provocando uma erosão milimétrica nas rochas.
Os pensamentos, em turbilhão, rodavam à volta do facto de Sara, o seu amor de sempre, o ter deixado, sozinho... Tinha ido trabalhar para Valongo, teria dito ela... Já não sentia por ele o que sentira no início e seria o momento de começar de novo... Noutro sitio... Longe dele...
Seria ele também capaz de um novo início? Ou teria o mesmo destino das suas lágrimas, que caiam dos seus olhos para se tornarem unas com o mar salgado?

intermezzo

"a conclusão de tudo é o principio de nada! hummm... tantos pézinhos... já não posso beber mais..." james winter balbucia congruentemente dirigindo-se a uma centopeia interrogativa, depois de 2 shots de absinto e meia garrafa de zubrowska

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O pior de tudo na vida é achar o equilíbrio entre pragmatismo e sensibilidade.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Não sou especialmente criativa. Não tenho o dom de juntar palavras mais ou menos bonitas e daí nascer uma obra prima. Não possuo aquele golpe de asa que transforma uma simples frase na mais fantástica das imagens. Não, não tenho um dom especial para a escrita. Ainda assim há palavras dentro de mim que pedem para sair; o problema é que, por vezes, quando as deixo viver fora de mim, esquecem-se daquilo que queriam dizer e perdem-se num mar agitado de significados, de sinónimos, de antónimos, de "não queria dizer isso", de "não foi isso que quis dizer". Porém, de há um tempo para cá, há palavras que teimam em juntar-se dentro de mim e, quando saem, por incrível que pareça, não se confundem com nenhumas outras. E, quando as escrevo, consigo redigir a mais magnífica de todas as obras.
Não sou especialmente criativa, nem tenho um dom especial para a escrita, mas quando junto estas palavras... Sou feliz.

Naked fico eu ao escrever nestas coisas. Aqui vai...


Em frente estão os cereais integrais. Num arco mais à direita a vela já apagada mas que evapora um cheiro redundante a canela. Estendidos sobre a mesa o braço e a vontade familiar de percorrer e ferir na horizontal as ramificações azuis que a pele deixa revelar. O som que lhe dá alento é de combate e fúria, é montanhoso e vulcânico. Quer rasgar a realidade, quer rasgar-se por dentro...eliminar-se...Não consegue. Mais uma vez não consegue. Mas não aprende. Raios partam essa uva que saltou e manchou o imaculado soalho!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

permissivamente impedido

tec tec . bati na janela com a ponta dos dedos . "está gelado aqui fora, abre se faz favor" . "ah! não posso, tenho visitas!" . "porra, então e eu fico aqui a morrer de frio?" . "hum, pois tens razão, mas agora não posso mesmo! brinca um bocado com o valentim! quando acabarmos o lanche trato de ti" . "vanessa..." . "sim?" . "o teu cão é um bloco de gelo... como vou brincar com ele?" . "ah! merda! os meus tios estão cá desde 6ª feira! eu bem sabia que lhes devia ter dito que tinha ido para moscavide este fim-de-semana... e agora!!!!" . "bof, olha, o cão tá morto, deixa lá, eu não importo... nunca gostei muito do bicho, mas ouve lá... deixa-me entrar! tou à rasca para ir à casa de banho..." . "andré... um pouco mais de respeito! os vivos, têm dignidade - e os cães morrem sempre com os dentes arreganhados!"

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Lamento















O assassino olhou para o album e sorriu. Em páginas amarelecidas observou as fotografias descoloradas e perdidas no tempo.

Todas elas lhe falavam em uníssono, olhando nos seus olhos de um negro mais vazio que a noite mais escura, lamentando o breve instante em que se tinham cruzado.
Vozes sombrias ecoam na sua cabeça, mas nada o enternece... De pistola na mão sorri ainda mais...
Porque o sorriso que lhe cresce nos lábios é gerado pelos lamentos dos que matou... E os lamentos crescem... Inimaginavelmente... E as vozes gritam cada vez mais, mas isso só lhe dá mais força...
Um segundo depois... Um tiro... No chão jaz uma nova fotografia, perdida... E enquanto sorri, junta um novo lamento a todos os outros...